Livros que transformam vidas, Mulheres que transformam vidas
- Leãozinho
- 26 de ago. de 2020
- 4 min de leitura
Sabe o que esses quatro livros têm em comum?

Todos foram escritos por Mulheres! Sim, Mulheres com “M” maiúsculo!
Coincidência ou apenas atuação do meu subconsciente, ainda não sei! Mas é intrigante pensar que essas são as leituras que fiz, que estou fazendo e que farei.
Agora outra pergunta, o que esses dois livros têm em comum?

Alá! A doida da Leãozinho relacionando um livro mega denso e baseado em psicologia com literatura infantil!
Se acalme! Vem comigo nessa viagem!
Já tem algum tempo desde que uma mulher muito especial cruzou meu caminho e me recomendou o Livro “Mulheres que correm com o Lobos”, inspiração desse blog. Ainda estou lendo e aprendendo sobre a Mulher Selvagem que habita em cada uma de nós, aprendendo a me reconectar com minha energia feminina, já que passei uma vida inteira desejando ser um menino. Recentemente, aprendi que nunca quis ser um menino, sempre quis ter a liberdade que um homem tem. Desde então, venho questionando meus valores e todas as minhas escolhas.
Sinto que estou em um processo de abertura mental que nunca estive antes! Quando comecei a ler Clarrissa¹, minha alma sentia sede da presença feminina e a vida me conduziu para ter o tempo todo contato com mulheres, algo que não tinha sido comum para mim até o momento.
Pausa para retrospectiva para uma melhor compreensão.
Única filhA, única netA², meus primeiros amigos na escola e na faculdade foram homens, sempre tive a presença masculina nas minhas amizades com maior frequência, só fui orientada na faculdade por homens. Até que... pela primeira vez uma orientadora; trabalhando em grupos majoritariamente com a presença de mulheres; valorizando e construindo mais laços de confiança e amizade com mulheres; valorizando o trabalho, arte, música, atuação, escrita das mulheres.
Eis onde estou.
Aprendendo muito com essas leituras e me autopercebendo.
Anne Frank tem me ensinado sobre força, sabedoria e inteligência emocional – ainda mais nesse momento de isolamento social devido uma pandemia, que sei que não chega aos pés do isolamento que ela viveu. Ainda não terminei a leitura, só que a singeleza dos desabafos dela em seu diário já tocaram o meu coração. Me sinto como Anne Frank em alguns momentos, apenas compreendida pela sua querida Kitty. Também tenho minha Kitty, secreta, só com meus rabiscos e sentimentos profundos. Aqui é a parte da minha Kitty que acredito ser relevante e interessante para outros leitores. Afinal, assumo que não sou tão letrada e boa escritora quanto Anne.
Me dei conta que um dos melhores presentes da vida para se dar e se receber são livros!
Vovó Clélia vai fazer 89 anos no dia 23 de setembro – meu dia favorito do ano! Ela é uma mulher muito ativa, ou melhor era antes dessa pandemia... fazia aulas de canto, teatro, yoga! Já estreou várias peças e brilhou em vários palcos. Às segundas, ela frequentava um grupo de amigas que se encontravam para jogar bingo e comer doces escondidas – diabéticas danadinhas! Além disso, Dona Clélia me ensina muito sobre alta astral, bom humor e fé. Todos os domingos, religiosamente (rs), ela está sentadinha no banco da frente na missa das 10 h na Catedral de Santo Antônio. Toda arrumada, com sua melhor roupa, o que não é tão importante, quando os tesouros e bom ânimo que ela leva no coração. Vovó também tem uma Kitty! Escreve todos os dias, diferente de mim, ela guarda todos os escritos secretamente e diz que após sua morte deixará que a família leia! Não sei quem vai ler 365 páginas de décadas – talvez eu (rs)! Agora, em isolamento social, @donaclelia – sim, ela tem instagram, não tem mais suas atividades diárias e está nesses últimos 5 meses presa em seu apartamento, que não tem varanda, nem uma área externa que se possa admirar o céu como merecido.
Vovó só pode passear mentalmente! Nada melhor do que os livros para nos fazer ir a lugares que nunca fomos e talvez nem iremos, não é verdade?
Decidi comprar um livro para ela.
Há alguns meses, dei para ela o livro Pollyanna da escritora Eleanor Hodgman Porter - ela amou! Até presentou outra amiga com esse livro!
Então, Bisa Bia, Bisa Bel apareceu como sugestão de compra e parecia se encaixar nos requisitos: leitura leve, pequena e gostosa. Apegada ao título, que faz referência ao contato de uma menina com as outras gerações femininas de sua família, imaginei que seria um livro bonitinho que retrataria as diferenças de tempo-gerações.
Eis que, acontece a magia dos bons livros!
Surpreendida, ainda estou, quando comecei a ler e notei as entrelinhas e a mensagem subentendida que vai muito além da história escrita. Ana Maria Machado brilha ao colocar em palavras simples, animadas e gostosas de serem lidas, exatamente o que Clarissa retrata tão profundamente no seu livro baseado em ciência e psicologia feminina.
Na leitura, me deparei com a Leãozinho da infância e todos os meus questionamentos. Pelas minhas fotos você consegue ver claramente duas em uma: a de shorts ou calça e a de vestido rosa; a descabela, descalça e a arrumadinha, maquiada, de sapatos com saltinho; a que sorri com comida no dente e a que faz sorriso meigo, a que senta de saia de pernas abertas e a que cruzava as pernas com as mãos sob os joelhos.
Não me recordo se já havia lido esse livro na infância, algo me diz que sim, mas não me lembrava de nenhum detalhe da história.
Inocente e ingênua, comprei um livro achando que mudaria o mundo e a realidade da minha avó e inesperadamente vi o meu sendo transformado.
Até parece que Neta Beta veio me visitar³.
OBS.: Já parou para pensar que houve um tempo que mulheres não podiam ler e nem escrever? E o quanto nós já transformamos o mundo com nossas ideias depois que conquistamos o direito de se manifestar e expressar nosso pensamento?!
¹Autora de Mulheres que correm com os lobos, tratada com intimidade, pois ela se tornou íntima da minha história, minha vida e de quem estou
² “-É a minha neta mais bonita! -Claro! Sou a única, né vô?” Sinto saudades e anseio pelo reencontro de nossas almas. Homenagem ao meu avô Hélio, marido da minha avó Clélia.
³ Referência ao Livro Bisa Bia, Bisa Bel, Ana Maria Machado
Fiquei encantada com a liberdade de sua escrita! 👏👏😍